O caminhão tombou, o preço baixou’
Todos os produtos alvo de roubo comprados pelo EXTRA nos trens estavam sendo comercializados no ramal Belford Roxo, que passa entre as comunidades do Chapadão e da Pedreira, reduto das principais quadrilhas de assaltantes de carga do estado. Em algumas situações — com um leite e uma manteiga, e com duas embalagens de doces — os itens, mesmo adquiridos com camelôs diferentes, em momentos distintos, eram fruto de um único roubo de carga. Em ambos os casos, crimes ocorridos horas antes.
Ao contrário dos ambulantes que trabalham com produtos legítimos, os distribuidores de mercadoria roubada costumam carregar caixas ou fardos inteiros, tal qual a carga é armazenada pelas transportadoras. As promoções são uma estratégia comum, com várias unidades sendo vendidas por um valor cheio, como R$ 5 ou R$ 10. E não há o menor constrangimento em, volta e meia, evidenciar a procedência ilegal dos itens: “O caminhão tombou, o preço baixou”, diz um dos bordões mais repetidos por vendedores nos vagões.
Ao todo, 14 empresas, de diferentes portes, colaboraram com a reportagem do EXTRA. Os produtos foram rastreados sob a condição de que elas não tivessem seus nomes ou os das marcas divulgados. Todos os produtos comprados pelo EXTRA, assim como as filmagens e fotos registradas dentro das composições, serão entregues à Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) para auxiliar na investigação dos crimes.
Entrevista: Maurício Mendonça, Delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC)
Há alguma investigação sobre ambulantes que vendem carga roubada?
Temos um inquérito aberto que objetiva justamente identificar esses receptadores de menor escala, que também alimentam o mercado criminoso. E, aqui na DRFC, nós temos um lema: receptador não é trabalhador. Isso é lenda. Receptador é criminoso.
Quem compra um produto roubado no trem pode responder por isso?
Sim. Quem adquire esse tipo de mercadoria também é um receptador. As pessoas têm de ter em mente que alimentam um ciclo vicioso. Estão estimulando que uma arma seja posta na cabeça de um trabalhador.
Como diferenciar o produto roubado?
Não é crível que alguém esteja vendendo, dentro de um vagão, um produto perecível que deveria estar armazenado. O risco de perda do material é enorme. Outra coisa é o preço. Não é possível que a pessoa não perceba que o produto está sendo oferecido por um valor muito abaixo do mercado. A conta não fecha.
Por que a explosão, nos últimos anos, no número de roubos de carga?
Houve uma mudança muito grande de 2013 para cá, porque foi o momento em que o tráfico de drogas passou a ter interesse nesta modalidade criminosa. O tráfico entrou (para roubar cargas) porque percebeu que era um tipo de crime onde não era necessário investimento para obter um grande retorno financeiro.
Veja as respostas da polícia e da SuperVia
Supervia: a empresa diz entender que “a venda de produtos roubados dentro dos trens e estações se configura como um problema de segurança pública”. De acordo com a concessionária, sua equipe de segurança “não tem poder de polícia e, por isso, os agentes não podem apreender e nem mesmo atestar a origem dos produtos”. Por dia, segundo a SuperVia, cerca de 700 mil pessoas circulam pelos trens do estado. A concessionária se negou a repassar o número de passageiros apenas para o ramal Belford Roxo. Dados de 2015, porém, apontam para uma média de 27 mil usuários diariamente nessa linha.
Polícia Militar: a PM informou que o Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFER), responsável por patrulhar a malha ferroviária, teve seu efetivo dobrado e redistribuído, em maio, para atuar, principalmente, em áreas de grande fluxo de pessoas, como as estações de Madureira, Deodoro e Belford Roxo.
Polícia Rodoviária Federal: a PRF afirmou ter intensificado ações de inteligência com investimentos em tecnologia e acrescentou que utiliza um helicóptero no policiamento. A íntegra de todas as respostas está no site do EXTRA.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/rio-sem-entrega-carga-roubada-vendida-no-trem-ate-duas-horas-apos-crime-21276082.html#ixzz4fvuJ1DUQ
PRODUTO SEM NOTA FISCAL, NÃO TEM CONVERSA. SE UM DECRETO ESTADUAL DÁ O "PODER" DE SOLICITAR QUE USE APOIO POLICIAL PARA ACABAR COM QUALQUER MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA DENTRO DO TREM, PORQUE A SUPERVIA DIZ QUE SEUS AGENTES SÃO INUTEIS PERANTE AO COMÉRCIO ILEGAL DE PRODUTOS DENTRO DO TREM?
ResponderExcluirFOI A DESCULPA MAIS ESFARRAPADA QUE TOMEI CONHECIMENTO.....
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