Liesa quer verba municipal, mas não informa receita
RIO - Apesar da polêmica desencadeada pela decisão do prefeito Marcelo Crivella de reduzir à metade a subvenção das agreniações para o carnaval de 2018, a Liga das Escolas de Samba (Liesa) — responsável pelos desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí — não revela quais são seus gastos com o espetáculo. A entidade, que também se recusa a divulgar seu lucro com a festa, só informa que, este ano, foram repassados R$ 52,8 milhões (recursos oriundos da venda de camarotes, ingressos, direitos de transmissão e discos) às 12 escolas filiadas à ela.
Cada escola, segundo a Liesa, recebeu R$ 4,5 milhões. Além disso, a Riotur repassou R$ 2 milhões da ajuda financeira da prefeitura diretamente às agremiações. No entanto, a liga não informou qual foi a receita total com o carnaval deste ano, sob a alegação de que é uma empresa privada. Como não está sujeita a qualquer tipo de controle, a Liesa só precisa informar seus dados financeiros à Receita Federal.
A forma de destinação do dinheiro público ao carnaval mudou em 2010. Antes, a Liesa recebia o repasse da prefeitura e o distribuía para as escolas de samba, ficando com 5% do total da subvenção, a título de taxa de administração. Naquele ano, essa taxa foi de R$ 475 mil. Com o desconto, cada escola recebeu R$ 752 mil. O sistema foi alterado a pedido do Ministério Público estadual, e, desde então, a verba não passa mais pela Liesa. As escolas recebem o valor integral do subsídio, sem descontos.
CINCO AGREMIAÇÕES TÊM PENDÊNCIAS
Enquanto a Liga não precisa comprovar seus gastos, as escolas têm até o dia 30 de junho de cada ano para entregar um relatório à Riotur sobre as despesas feitas com a verba municipal. As grandes agremiações chegam a gastar R$ 8 milhões em suas apresentações na Marquês de Sapucaí. Parte do dinheiro sai de patrocinadores, festas nas quadras e venda de fantasias.
No entanto, a prestação de contas relativas à subvenção do município ainda tem pendências. Das 12 escolas do Grupo Especial, cinco ainda precisam explicar algumas despesas por meio de apresentação de notas fiscais. São elas: Mocidade Independente (R$ 70,6 mil), União da Ilha (R$ 30 mil), Unidos da Tijuca (R$ 48,3 mil), Unidos de Vila Isabel (R$ 114,08) e Paraíso do Tuiuti (R$ 120 mil).
O GLOBO teve acesso a algumas prestações de contas. Em geral, a subvenção de R$ 2 milhões é gasta de forma fracionada, em pagamentos de encomendas feitas a dezenas de fornecedores. A checagem, na maioria das vezes, se restringe à análise das notas fiscais eletrônicas. Uma exceção foi a Beija-Flor de Nilópolis, que gastou mais de R$ 1 milhão em um único estabelecimento no Centro, onde comprou cerca de R$ 400 mil em franjas e penas de cegonha e faisão.
Como não há regras para orientar as despesas, a Vila Isabel, por exemplo, usou R$ 14,3 mil para comprar a roupa do Rei Momo. Os candidatos ao título normalmente arcam com a despesa da fantasia para disputar concursos promovidos pela Riotur, e o vencedor ganha um cachê. Apesar de a despesa não estar relacionada ao desfile do Grupo Especial, a compra foi considerada legal porque a finalidade era promover o carnaval. Além disso, as escolas declaram compras de tecidos e acessórios e gastos com a infraestrutura dos carros alegóricos. A Imperatriz Leopoldinense pagou R$ 214 mil em equipamentos hidráulicos e R$ R$ 79 mil em instrumentos, como surdos e repiques. A escola de Ramos também adquiriu cerca de R$ 60 mil em tintas e outros materiais de pintura. A Unidos da Tijuca comprou 2.100 pares de sapatos, ao custo total de R$ 85 mil, no Escondidinho do XV Bar e Restaurante Ltda., aberto em 2009 em Belford Roxo. Para a Receita Federal, a atividade principal da empresa é o ramo de restaurantes e lanchonetes, mas ela também está apta à confecção de calçados de couro e de material sintético.
ACESSO TAMBÉM RECEBE RECURSOS
Agremiações que não fazem parte do Grupo Especial alegam que dependem dos repasses da prefeitura para desfilar. A Lierj, que cuida do Grupo de Acesso, recebeu R$ 12,9 milhões este ano. Já a Associação das Escolas de Samba Mirins recebeu R$ 1,3 milhão nos carnavais de 2016 e 2017. Para o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec, ao cortar verbas para a festa, a prefeitura “dá um tiro no pé”:
— Ninguém é contra aumentar a dotação das verbas para as 16.000 crianças das creches municipais. Mas é preciso tomar cuidado para não se criar um falso dilema: carnaval versus creches. Esvaziar a festa é tirar ainda mais recursos do Rio. A cidade, que é porta de entrada do turismo no país, tem na festa popular a sua principal atração de visitantes. Além disso, o corte é linear, e atinge não apenas as escolas de samba do Grupo Especial, mas também as demais, como as que desfilam na Avenida Intendente Magalhães e até as 16 escolas mirins, que alcançam 25 mil crianças com boas notas e frequência escolar.
E O INTERESSANTE É QUE QUANDO TERMINAM OS DESFILES, A COMLURB TEM TRABALHO EM RECOLHER AS VARIAS FANTASIAS DAS ESCOLAS DE SAMBA, QUE SÃO JOGADAS PELAS RUAS COMO LIXO......LIXO CARO ESSE!
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