Adolescente chegou à escola com os braços cortados
na tarde de quarta-feira. Ele relatou ter assistido a um vídeo que sugere
práticas de violência e automutilação em uma rede social
20/04/2017 14:37:03 - ATUALIZADA ÀS 20/04/2017 15:01:18
GUSTAVO
RIBEIRO
RIO - Um adolescente
autista de 13 anos, estudante da rede municipal de Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense, pode ter sido mais uma vítima do jogo criminoso Baleia
Azul. Educadores do colégio tomaram um susto ao verificar que o aluno do 6º ano
do Ensino Fundamental chegou à escola com cortes nos dois braços
na tarde desta quarta-feira. Em conversa com a equipe pedagógica, o
menino revelou ter participado dos desafios do game, que tem induzido
crianças e adolescentes ao suicídio no Brasil e no mundo.
"Ele chegou com
os dois bracinhos todos cortados na escola. Os profissionais do colégio acharam
aquilo muito estranho. Quase todo mundo já estava sabendo da situação desse
jogo, e aquilo surpreendeu a professora e a equipe da direção, que tão logo que
percebeu aquilo retirou o aluno da sala e chamou seu responsável",
explicou a secretária municipal de Educação de Duque de Caxias, Marise
Moreira Ribeiro.
Polícia Civil abriu investigação para
identificar origem, no Rio, do jogo que preocupa os paisReprodução
O estudante relatou
ter assistido, em sua casa, a um vídeo em uma rede social que
sugere práticas de violência e automutilação. A Secretaria
encaminhou o caso ao Conselho Tutelar. O adolescente foi atendido em uma
unidade de saúde do município e passa bem. Ele também será encaminhado ao
Centro de Atenção Psicosocial Infanto Juvenil. A pasta informou que está
monitorando o caso, aguardando a confirmação dos fatos e orientando toda a rede
municipal em relação a outras prováveis evidências.
"Estamos
adotando as medidas cabíveis para garantir a preservação dessa criança, que
requer cuidados especiais. Estamos divulgando informações sobre o caso para os
gestores de todas as nossas unidades escolares, para que eles estejam alertas
em observar possíveis situações como essa", acrescentou a secretária.
Marise comentou que
a Secretaria de Educação já estava preparando um comunicado para
recomendar aos gestores escolares a ficarem alertas, tendo em vista a
repercussão na imprensa em relação às investigações sobre o jogo suicida no
Brasil. "A gente ouviu falar de um caso em Curitiba. Estamos vendo algumas
autoridades se mobilizando, mas não imaginávamos que o problema estaria tão
perto da gente e acontecendo tão rápido", afirmou.
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Delegacia investiga autoria
De acordo com a
delegada, a maioria das vítimas tem tendência à depressão. “Há relatos de
que há uma coação para as vítimas não desistirem do jogo. Os relatos são de
pressão psicológica mesmo, de que se a vítima não se matar, ela vai ser morta
de qualquer jeito, ou então eles ameaçam parentes próximos. Enfim, há toda uma
coação para convencer a vítima a entrar e não sair”, explicou Fernanda
Fernandes no início desta semana.
Na terça-feira, a
delegada confirmou os casos de duas adolescentes de 14 anos
que tentaram se suicidar após participarem dos desafios online. Uma
delas é da capital e outra, do interior. Até ontem à noite, o caso do estudante
de Duque de Caxias não tinha sido registrado na DRCI nem na 59ª DP (delegacia
local).
Pais devem ficar atentos
Ontem, a delegada
Fernanda Fernandes informou que deve ouvir nesta quinta-feira depoimentos de
mais dois casos suspeitos de envonvimento com o jogo: o de uma menina que
tentou suicídio, sem idade confirmada, e o de um menino de 12 anos, ambos do
Rio. A DRCI também começou a rastrear 5 mil pedidos de participação em um grupo
do Facebook chamado 'Baleia'. Esse grupo é, na verdade, voltado ao apoio de
pessoas acima do peso, mas acabou sendo confundido por pessoas interessadas em
participar dos desafios macabros.
"A divulgação
desses casos tem surtido efeito. Os pais estão prestando mais atenção a seus
filhos e têm denunciado", afirmou a delegada ontem. A polícia continua
monitorando as redes sociais a fim de evitar que outros jovens caiam no esquema
e de buscar a autoria dos crimes.
Os ‘curadores’ são
como se chamam os que passam instruções do ‘Baleia Azul’ por Facebook, WhatsApp
e SMS. Segundo a delegada Fernanda Fernandes, eles podem responder por
associação criminosa e até homicídio.
COMUNICADO DISTRIBUÍDO ÀS ESCOLAS MUNICIPAIS DE
DUQUE DE CAXIAS:
Prezados Diretores e Equipes Diretivas,
Vimos por meio deste, orientar a todos a respeito de um tema que já esta
presente em nossas casas, pátios e salas de aula, com toque de urgência.
De forma alguma podemos tratar este assunto com descaso, o fato é que
jamais acreditamos que ele esteja tão perto.
O QUE É?
É o jogo Baleia Azul “Blue Whale”. A “brincadeira” que aparentemente é
inocente e não desperta a nossa atenção inicialmente, começa com um convite
pelas redes sociais e funciona sob forma de orientação de desafios a serem
seguidos pela criança e/ou adolescente, por telefone ou pela internet.
O jogo já está por trás de várias mortes ao redor do mundo. Os
participantes envolvidos, espontaneamente ou não, fazem um pacto com o
“curador”. A partir de então são induzidos a cumprir todos os 50 passos
aterrorizantes e que pode ter um desfecho fatal.
Os desafios vão desde metas simples às mais completas e graves, propondo
ações audaciosas e de grande risco, diariamente. O primeiro passo é a
automutilação e o ultimo é a orientação do sujeito a cometer suicídio.
O QUE FAZER?
A Secretaria Municipal de Educação está orientando às Unidades
Escolares, a respeito da observação e do cuidado com todos os alunos da Rede
Municipal de Ensino, tendo em vista os comentários sobre este jogo.
Havendo a possibilidade do envolvimento dos nossos alunos, deverão ser
adotados os seguintes procedimentos após a detecção da situação:
1. Encaminhamento do aluno à Equipe Técnico Pedagógica e Educacional;
2. Contato com a família para atuação e parceria com a escola;
3. Encaminhamento do fato a SME e ao Conselho Tutelar;
4. Manter a discrição do assunto com o objetivo de preservar o
estudante;
5. Acompanhar e orientar a família ao Sistema Único de Saúde.
Estamos a inteira disposição para maiores orientações e esclarecimentos.

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